Ana Cristina Leite
Categoria: Livros, catálogos e álbuns de arte
Autor: Ana Cristina Leite
Titulo: Ana Cristina Leite - Incógnita - Pintura
Suporte: Papel Condat Matt Perigord, 170grs, Capa dura, 25 páginas
Data: 2008
Edição: 500 exemplares
Coleção: Árvore
Com textos de Bernardo Pinto de Almeida, David Barro, Paulo Cunha e Silva e Rui Moreira.
Uma iconografia do brilho
Paulo Cunha e Silva – 2002
Excerto de texto, in catálogo da exposição de Ana Cristina Leite “Bubble Face”, Ed. Galeria Espaço Branco, 2002
Brilho é a palavra-chave para se entender o trabalho de Cristina leite. Não só porque estas obras são brilhantes – a sua superfície é revestida por uma camada feérica e quase incómoda de verniz resinoso –, mas também porque o brilho é o seu tema. O brilho de uma época brilhante.
Na construção desta iconografia do brilho Cristina Leite associa imagens fotográficas recolhidas em revistas de gente, com pequenas figuras e objectos provavelmente saídos de uma banda desenhada da altura, tendo por fundo um padrão que remete para a ideia de papel de parede.
[…] Pequenos personagens e pequenos objectos são suficientes para esta aproximação. A época revela-se através de seus pequenos sinais, através de seus doces personagens, sem ser necessário recorrer à dramatização do personagem-forte e do objecto-forte.
[…] Este trabalho é também um trabalho sobre a pele, sobre a sua camada mais superficial, a camada córnea. Que é a camada do brilho, mas também a camada mais impermeável. As imagens que Cristina Leite recolhe são já pele. Não são imagens profundas, trágicas, densas. São imagens superficiais. Imagens que ela resgatou a um mundo adormecido e às quais voltou a dar brilho perdido. Dar brilho a uma superfície é mostrar a sua verdade, é criar a refracção óptima que permite reflectir a sua natureza. É eliminar a sujidade e homogeneizar o território com uma película transparente. Como um polidor perante um móvel antigo ao trazer para a sua superfície toda a verdade daquele tempo. O brilho não é falso nem cria uma percepção falsa. O brilho é a verdade da pele das imagens.